domingo, 6 de novembro de 2011

2011 - Sociedade Século XXI- transformação de valores















Aluno: Lucia Velloso Verginelli
Tema:SOCIEDADE DO SÉCULO XXI: TRANSFORMAÇÕES DE VALORES
Disciplina: Práticas Performativas na Relação Educativa
Orientação: Prof. Dr. Luciana Maria Caetano






São Paulo
2010













                          “... o mundo não é o que penso, mas o que vivencio”.
                                                                                           M. Meleau-Ponty

                              

 Resumo

A reflexão desenvolvida neste trabalho tem como objetivo abordar questões conceituais que representam as crises de valores afligidas pela sociedade contemporânea. Incluem-se diálogos conceituais quanto à formação ética (TAILLE, 2009) na qual transgridem a identidade do indivíduo para cultura do tédio como também os tornam domesticados perante a escravidão - exploração – parasitismos mútuos para uma sociedade que caminha para o caos moral e ético transformando em ações para combater a cegueira do conhecimento (MORIN, 2004). Há necessidade de reconstruir os princípios de responsabilidade e de justiça. Para tal, essa transformação de comportamento reflete o papel do educador na formação do caráter dos educandos (CAETANO, 2008). O conceito de obediência implica conhecer o desenvolvimento moral, pois sabemos que a educação é essencial para a formação de cidadãos éticos. Finalmente, propõe-se apresentar algumas perspectivas de debates e discussões sobre a ética e moral que possam assumir o cotidiano escolar.
Palavras chave: Valores morais e éticos, Sociedade contemporânea, Educação escolar.
Introdução
A sociedade contemporânea caminha para uma desordem moral e ética. A grande reflexão entre os debates da educação no século XXI é: os valores estão mudando? O cotidiano escolar se perde quanto à orientação de oferecer uma estrutura de apoio aos pais e professores que não conseguem se organizar junto ao processo de ensino-aprendizagem.
Os pais perderam o controle da situação de educar e impor limites. As crianças e os jovens estão mais livres para expressar seus desejos e o respeito pela  autoridade de seus pais, professores e pelos mais velhos vêm diminuindo.
Provavelmente, existe um problema para ser resolvido no cotidiano escolar, o mundo vem se tornando um paradoxo de valores e de comportamentos nas relações interpessoais na escola. Os sujeitos estão cada vez mais agressivos e individualistas. Existem danos morais, indisciplinas, drogas e o próprio estresse da profissão educacional.
Há outro fator agravante neste contexto, os professores estão desmotivados na sua profissão afetando o envolvimento no trabalho docente, que por muitas vezes se depara com questões de violência escolar, de delinqüência juvenil, de desafeto do adolescente e de racismo e preconceitos relacionado ao analfabetismo funcional e emocional, de jovens e adultos.
Ainda existem conflitos quanto à complexidade de responsabilidades e insinuações mútuas em que, por um lado os pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina e por sua vez, os professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites aos seus filhos.
Segundo a educadora e pesquisadora Luciana Maria Caetano (2008, p.32) os procedimentos educativos atualmente podem ser utilizados em dois procedimentos da cultura escolar: os que auxiliam a construção da autonomia, estabelecendo com as crianças relações de cooperação, pautadas no respeito mútuo, ou os recursos utilizados para a educação são os castigos, a punição, as recompensas.
Sendo assim, alguns questionamentos serão abordados

- Quais saberes os indivíduos desenvolvem para minimizar os conflitos de relacionamentos 
 familiares?

- Como o cotidiano escolar deve se relacionar com a cultura do tédio e com a responsabilidade 
no desenvolvimento da formação ética e moral?

- Qual é o entendimento escolar sobre ações de como vencer a cegueira do conhecimento?
- 1. Formação Ética e Moral.
Para diferenciar e definir esses conceitos temos a moral, como o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade. Logo, a moral pertence à dimensão de obrigatoriedade, da restrição de liberdade, e a pergunta que a resume é: Como devo agir?
Sabemos que a ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura de uma vida significativa, uma “boa vida”. Assim definida a pergunta que a resume é: “Que vida quero ter?” É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar em outra: “Quem eu quero ser?”.
LA TAILLE (2009)afirma que para construir a perspectiva ética e moral na educação dos jovens, é preciso levar em conta o conceito de respeito moral: aponta que para se construir a perspectiva ética e moral na educação dos jovens, leva-se em conta:
[...] “o respeito moral por outrem pressupõe a construção de representações de si entre as quais as de valor moral ocupam lugar central, uma “educação moral” depende necessariamente de uma “cultura do respeito de si. [...] Com efeito, nós, adultos, precisamos cuidar do mundo, pois se não o fizermos, além de deixarmos às novas gerações um planeta e uma sociedade seriamente abalada, careceremos aos olhos dos jovens de legitimidade para falar em justiça, generosidade e dignidade”(p. 223).
Nesta questão LA TAILLE (2009) afirma que no convívio escolar, toda personalidade ética é aquela pessoa que apresenta simpatia, grande base de generosidade, afinidade com toda paixão, ou faculdade de se compenetrar nas ideias ou sentimentos de outrem.
 Nesta perspectiva LA TAILLE (2009) aponta que:a simpatia não nasce de relações de autoridade, não cabe aos educadores despertá-la, mas sim acolhê-la, valorizá-la e, portanto, promover o convívio escolar no qual ela tenha lugar para desabrochar “(p. 301 e 302). 
  Por outro lado, o autor LA TAILLE afirma ainda que existe uma contradição, na qual se verifica, na cultura do tédio, a falta de limites em muitas pessoas (e não apenas nos jovens, crianças e adultos) e que o excesso desses limites sufoca a maioria deles.
A moral trata de limites no sentido restritivo, (deveres), já a ética, por remeter a projetos de vida, trata dos limites no sentido da superação, do crescimento, da busca de excelência.
LA TAILLE ainda comenta que vivemos em um mundo:
        [...] “de comunicações superficiais, passageiras, intempestivas [...] do divertimento, que somos, a cada momento, chamados a esquecer o tempo. [...] à busca estonteante de prazeres. [...] de diversas formas de misticismo. [...] de perigosa volta de interpretações fundamentalistas da religião e da política” (p. 76).

Observando a existência de excesso de limites, em breve, se a sociedade, em vez de estimular o crescimento, valorizar a busca de uma vida que não vá além do mero consumo e que se contente com o aqui - agora, com a mediocridade, ela vai prejudicar a perspectiva ética e conseqüentemente, a perspectiva moral.
Como a moral impõe restrições à liberdade, uma pessoa somente vai aceitar tais restrições se fizerem sentido num projeto de vida coletivo e elevado.   Neste sentido se propõe o segundo questionamento. Qual é o entendimento escolar sobre ações de como vencer a cegueira do conhecimento?
2. Cegueiras do Conhecimento.
Ensinar é uma profissão paradoxal, por que se espera que o ensino gere habilidades e capacidades aos sujeitos (indivíduos) para se organizarem e terem êxito no cotidiano da sociedade do conhecimento.
O problema de todo cidadão universal do novo milênio (Século XXI) é de como ter o acesso às informações sobre o mundo e de como ter a possibilidade de articulá-las e organizá-las, para melhor compreender os paradigmas postos pela sociedade contemporânea.
MORIN (2004) refere-se a três problemas de acesso à educação referente à cegueira do conhecimento cotidiano:
1. No âmbito das especializações entre as disciplinas que separam a ciência em disciplinas hiperespecializadas;
2. O enfraquecimento da percepção do global que conduz a responsabilidade às outras áreas do saber, pois é o responsável pela área de seu conhecimento;
3. A incompreensão da solidariedade, universalismo das informações cientificas e que não ocorrem o vínculo de intercooperação institucional de pesquisas. 
A incapacidade de conceber uma percepção global e a redução das especializações em disciplinas hiperespecializadas podem desfavorecer a nossa própria autocompreensão e a nossa autocrítica, favorecendo uma ilusão racionalizadora.
É necessário reconhecermos na educação do século XXI, um princípio de incerteza na racionalidade para não fugirmos da autocrítica e do auto conhecimento, pois a verdadeira racionalidade deve ser não apenas teórica e crítica como defende o paradigma cartesiano mecanicista, mas também introspectiva para nos realizarmos individualmente.
Morin (2004) comenta as causas de erros e ilusões na incerteza do conhecimento:
   [...] “as possibilidades de erro e ilusão são múltiplas e permanentes: aquelas oriundas do exterior cultural e social inibem a autonomia da mente e impedem a busca da verdade; aquelas vindas do interior, encerradas, às vezes, no seio de nossos melhores meios de conhecimento, fazem com que as mentes se equivoquem de si próprias e sobre si mesmas” (p. 32 e 33).

   [...] “Morin pontua que a compreensão é a um só tempo meio e fim da comunicação humana. Entretanto, a educação para a compreensão está ausente no ensino. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis escolares e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades. Esta deve ser uma obra para a educação do futuro cuidando da sociedade do século XXI.”
Enfim, o último questionamento que se refere ao desenvolvimento moral e a formação de cidadãos éticos é: Quais saberes os indivíduos desenvolvem para minimizar os conflitos de relacionamentos familiares?
3. Obediência nas inter-relações de Pais e Filhos.
Aspiramos para nossa sociedade uma vida digna, sem violência, sem desonestidade, sem imposição religiosa, sem desrespeito, sem falsas promessas, sem mentiras, sem desmatamento e sem desperdício. Para CAETANO (2008) às vezes em uma sociedade equilibrada, os conceitos de obediência não estão explícitos em relação com as crianças, tão pouco no juízo moral dos adultos. Caetano (2008) explica como estas inter-relações de pais e filhos acontecem:
   [...] “nem sempre os objetivos dos pais de educar os filhos estão claros para eles mesmos, [...] expressam em suas respostas a insegurança em relação à escolha de atitudes mais acertadas junto às crianças, bem como a incerteza diante de seus próprios conceitos morais [...] não existe, da parte dos pais, uma certeza a respeito da confiabilidade e eficácia de suas intervenções junto às crianças. [...] não existem manuais para educar filhos, mas refletir sobre o papel do adulto na formação das crianças é um bom começo para o pai ou a mãe que deseja que seu filho seja uma pessoa de bem ou, ainda mais do que isso, que seja um ser humano feliz!”. (p. 179, 180 e 187).
Neste sentido a ética do gênero humano não pode ser ensinada por meio de lições de moral. Deve-se formar antes mentes com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. Carregamos essa tripla realidade. Desse modo, todo o verdadeiro progresso humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana.
Cada responsável deve refletir sobre os verdadeiros valores e em como se encontra a sociedade contemporânea. Não adianta só reclamar ou procurar um culpado.
Vamos incentivar nossas crianças e jovens a lerem mais, a valorizar as boas ações, a motivar a criatividade, a estimular as descobertas, a plantar árvores, a cuidar do meio ambiente, tratar bem os animais, a respeitar os mais velhos, a respeitar as diferenças, a economizar água, a reciclar, a ser solidário, a ser generoso, a valorizar o trabalho, seja ele qual for, pois o trabalho fortalece o caráter e traz dignidade.
A verdadeira vitória será a transformação dessa sociedade contemporânea o que pode acontecer se a capacidade de refletir os valores éticos e morais como uma reforma introspectiva sobre alguns conceitos enraizados de maneira errônea na vida do povo.
Considerações Finais:
Para desenvolver o conhecimento da sociedade contemporânea é preciso transformar os valores e prestarmos atenção em ensinar e orientar nossas crianças e jovens, pois dar bons exemplos decorre em transmitir a estes indivíduos um bom futuro com uma formação ética e ainda com bons conhecimentos morais. É importante a junção da família e da escola, construindo uma aproximação entre os pais e as instituições educacionais. É importante trazer a família para dentro da escola. É necessário compartilhar responsabilidades e não transferi-las.
Segundo LA TAILLE, é preciso lembrar que criar cidadãos éticos é uma responsabilidade de toda a sociedade e suas instituições. A família, por exemplo, desempenha uma função muito importante até o fim da adolescência, enquanto tem algum poder sobre os filhos. A escola também, na medida em que apresenta experiências de convívio diferentes das que existem no ambiente familiar.
É de responsabilidade de todos, melhorar as condições de vida da nossa sociedade.  
Por isso a educação do século XXI deve levar em conta que o paradigma cartesiano já teve seu apogeu. A ciência deve encontrar logo um novo paradigma que valorize também a vivência pessoal, as crises evolutivas comportamentais, o autoconhecimento e a auto-superação dos indivíduos para reconstruir um mundo melhor, contemplando a reflexão a respeito de direitos, deveres, valores e virtudes.


Referências Bibliográficas:
(epígrafe – M. Meleau-Ponty).
CAETANO, Luciana Maria. O conceito de obediência na relação pais e filhos. São Paulo: Paulinas. 2008.
LA TAILLE, Yves de. Formação ética, do tédio ao respeito de si. Porto Alegre: Artmed, 2009.
LA TAILLE, Yves de. Moral e Ética – Dimensões Educacionais e Afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MORIN, Edgar. Os setes Saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2004.

Um comentário:

  1. Olá Lúcia,o trabalho árduo deste fim de semana já começou a mostrar os primeiros frutos. Tudo indica que será uma colheita farta. Parabéns por mais esta conquista!!! Abraço.
    Rogério

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